29 junho 2011
28 junho 2011
26 junho 2011
22 junho 2011
por vezes me pergunto .....
Por vezes me pergunto até quando as pessoas que projetam as coisas, principalmente veículos e motores, vão continuar adorando esses negócios lisos e sem sal.
Hoje ao levantar o capo de um carro de 8 cilindros o que vemos é simplesmente uma tampa plástica ou metálica com dizeres indicativos de que por baixo desta placa está um motor extremamente complexo e de alto rendimento. Provavelmente um objeto lindo e riquíssimo em complicados detalhes, algo bom de se ver.
A mesma coisa acontece com as motos modernas. Não interessa a marca, todos os projetistas se esmeram em tampar, alisar, passar por dentro ou simplesmente juntar tudo em um bloco insosso.
Posso estar sendo preconceituoso, mas me parece que desde quando desenhista se transformou em designer e desse de quando analista de mercado (gerente de marketing) passou a ser mais importante que os engenheiros, as coisas antes complexadamente bonitas começaram a desaparecer.
Perdoem-me os caras da MAC, mas dizer que aquele tijolinho liso e sem nada (Iphone) é um objeto bonito, no mínimo é falta de criatividade. Parece que os responsáveis pela aparência das coisas ficaram preguiçosos ou perderam a mão.
Voltando ao exemplo do carro, duvido se o engenheiro que idealizou o tal do motor não ficaria muito mais satisfeito e orgulhoso se sua criação ficasse exposta. E se possível com muito mais peças moveis ressaltando os inúmeros HPs ali existentes.
Vamos sonhar e imaginar se a Harley, por exemplo, voltasse a produzir o Knucklehead, um dos motores mais bonitos que este fabricante já fez. E o fizesse com toda esta tecnologia disponível, mas sem deixar de valorizar a beleza das partes. As curvas em vez de cantos vivos. Tubos em vez de dutos internos.
Se não me engano, os caras da Triumph foram os únicos que se deram ao trabalho de esconder um sistema de admissão de injeção eletrônica dentro de um corpo de carburador. Acetaram em cheio. Tem coisa mais sem graça que um bico injetor e tem coisa mais intrigantemente bonita que um belo carburador?
Meu irmão, o corpo de admissão de uma HD moderna é uma das coisas mais feias que já fizeram.
Dai alguém pode dizer, para que ser bonita se o que interessa é que funcione e também a coisa fica por traz do filtro de ar. E este tipo de pensamento massa é normal.
Então me lembro de quando trabalhava em uma fábrica de produtos de luxo (barcos). Foi lá que conheci um dos meus mestres. E este mestre trabalhava incessantemente com o fardo de ensinar aos funcionários como fabricar um produto realmente luxuoso.
Ele falava que os detalhes, a arrumação, a harmonia e a beleza deveriam ser objetos de muita atenção. Principalmente nos porões e áreas de serviço dos barcos que fabricávamos.
Segundo ele, e eu concordo, uma porta se tornava um objeto de decoração e expoente do luxo se ao ser aberta, os mecanismos de dobradiças e fechaduras fossem dignos de atenção e admiração.
Por que tem que ser só funcional. Por que não pode ser bonito.
As pessoas esqueceram que as bombas de óleo passaram a ser internas porque não existia tecnologia disponível para impedir os vazamentos. Hoje existe.
Olha só isso:
Já pensou isso ai com 1600cc funcionando liso e perfeito. Usufruindo de toda a tecnologia que conhecemos.
Os caras que desenharam a ficção cientifica no inicio do século passado certamente pesavam que seria assim. Pena que até agora não deu muito certo.
21 junho 2011
20 junho 2011
Primo
Recentemente, importei um martelo de ourives. O fiz por uma única razão, o fato de ele ser lindo. Mais parece um amuleto ou até mesmo uma batuta.
Sei não, mas o fato de eu ter parado de beber e fumar está tornando as coisas cada vez mais lisérgicas. Só pode ser.
Para se ter uma ideia, logo quando ele chegou passei mão do objeto e fui mostrar para familiares e amigos. Fiz fotos com ele e outro de sua espécie. E nem precisa dizer que o bichinho está sempre comigo. Principalmente quando estou debruçado nos enigmas inerentes a minha profissão.
Bom, nesta viagem toda percebi (com este celebro careta que a terra a de comer) que o tal do martelo (qualquer um) é primo.
Um primo por vezes distante, distanciado ou pouco relevado, mas primo sempre.
E isto é fato (ou não). Na verdade está cada vez mais difícil distinguir ficção de realidade. A sorte neste caso é que o objeto é palpável.
Mas porque primo?
Primo de primeiro. Ou melhor, primeira ferramenta (só lembrar o macaco naquele filme).
Primo de fundamental. Essa não precisa de comentário.
Primo de família. O martelo é primo da picareta por exemplo. É primo, mas não é picareta.
E principalmente (pelo menos para mim) primo pelo fato de ser um principal catalizador de histórias.
Realizei que todo mundo tem uma passagem envolvendo um martelo. Nem que seja o fato de já ter caído um no pé.
Meus amigos, donos de oficinas ou não que são donos de martelos ou não, têm em média duas histórias por ferramenta. Mas só lembram isso quando entro em cena falando de martelos.
Engraçado, parece que é assim com outras coisas na vida também.
Voltando ao aço frio. Nenhuma importância atribuída a estas constatações. Mas não custa nada lembrar pequenas trivialidades.
18 junho 2011
15 junho 2011
14 junho 2011
12 junho 2011
mITOLOGIA oU VERdADE
Esta semana tive a oportunidade de fotografar o famoso “calcanhar de Aquiles”. E o melhor é que não tive que ir a Grécia. A coisa apareceu debaixo do meu nariz dentro da minha oficina.
Pensando bem acho que a passagem mitológica que mais se encaixa é aquela do Davi e Golias.
Pois é, parece até aula de história e mitologia. Mas é a dura verdade de um monstro de 1450cc (quem sabe até 1580cc?) que é derrubado por um minúsculo intruso de menos de 3mm e 1/10 de uma grama.
Como todo mundo sabe ou pelo menos os proprietários de Twin Cam deveriam saber, este modelo de motor deve sofrer uma revisão de comandos quando atinge os 50.000km.
Um dos pontos importantes desta revisão é a verificação e limpeza da placa de lubrificação (cam suport assembly).
Por três vezes me deparei com um ridiculamente pequeno pedaço de silicone preso em um dos três também ridiculamente pequenos furos de lubrificação que habitam a referida placa.
A primeira vez certamente foi a que apresentou as piores consequências. O ridículo furo interrompido foi o que leva óleo para a biela. Ou seja uma biela de U$1,800 (lá) trocada, lógico sem falar no resto das peças e procedimentos necessários para o reparo.
Nas outras duas vezes os danos foram bem menores. Apenas um dos tensores de corrente de comando ficou totalmente destruído. Lembrando bem, em um desses dois casos, tive que trocar a bomba de óleo.
Conclusão:
Impossível dizer que o motor é ruim. Mas vem com Aquiles, Davi e Golias dentro.
Dizem que as HD vêm com alguns anões dentro, pois é acho que esses são os bad dwarf da coisa. Aqueles que são primos do Murphy (o da lei) e que adoram colocar coisas no lugar errado.
Conclusão 2:
O objeto da desgraça alheia é feito de silicone. E parece ser o tipo de silicone que a fábrica usa para fechar os motores. Traduzindo, puta que pariu o silicone e quem usa para fechar motor também.
Comentário:
ADORO A MINHA SHOVEL E AS EVOLUTIONS
11 junho 2011
Crocker Motorcycles
Todos os componentes da moto eram fabricados dentro da fábrica, de maneira a permitir um produto final totalmente personalizado, solo ride e de alta performance. Cada comprador podia escolher além da cor, é lógico, a relação de cambio, a cilindrada e também a quantidade de cromados.
Al Crocker trabalhou como engenheiro e desiner na fabrica da Indian por mais de 20 anos. Portanto ele e seu amigo e orientador (nos tempos da Indian) Paul Bigsby tinham know-how para lançar no mercado um produto par fazer frente as “poderosas”.
Tanto que quando Cocker apresentou o seu primeiro modelo para speed awy, totalmente feito a mão, simplesmente destroçou a concorrência mudando todos os parâmetros de performance e qualidade. A moto era de longe muito melhor que as Harleys, Indians e todos os outros por muitos anos.
As Crockers reinaram como as melhores do mercado até 1942. Então, fim do sonho de uma moto perfeita, feita a mão pelos melhores de uma época. Guerra, dinheiro escasso no mercado e tudo mais levaram ao fechamento da fábrica.
Só 100 dessas máquinas de sonho foram fabricadas entre 36 e 42, o que transformou estas motos em verdadeiras lendas. Raras e caríssimas. Uma “Hemi-head” 1937 foi vendida em um leilão por U$276,500 e uma Crocker 61 vendida por U$236,500.
Foram muitas a inovações e tantos os detalhes introduzidos por Crocker na época.
A transmissão de três velocidades podia suportar muito torque, além de ser linda e de fino acabamento. Acoplada ao espetacular motor, desenhado pelo próprio Crocker, formava um conjunto tão harmonioso que despertava vergonha e inveja na desafortunada concorrência.
O fabricante era tão confiante em seu produto que garantia o retorno de todo o dinheiro a qualquer proprietário que fosse vencido por uma Harley ou uma Indian stock.
Nenhuma devolução foi registrada.
Válvulas nos cabeçotes.
Seus cilindros dispostos em um ângulo de 45°, com diâmetro de 3,25” e curso com 3,65” a 61ci era quase um "quadrado". A saber, motores com estas características geram uma relação quase perfeita entre torque e velocidade.
A taxa de compressão era de 7:1, mas podia chegar a 11:1 em algumas motos.
A coisa toda era planejada tendo em mente as customizações. Por exemplo, as paredes dos cilindros tinham a espessura de 3/8” (9,6mm) para permitir big bore. Tanto que algumas Crockers foram montadas com 90ci (+ ou - 1500cc).
Somado a isso tudo uma primeira marcha que ia até os 100kph. E velocidade final próxima dos 180kph. Lembrando que estes números se referem a motos stock.
Mesmo as mais bem intencionadas motos da época ficavam sentadas no banquinho.
Uma pena, muita pena mesmo que não existe mais este tipo de coisa.
Assinar:
Postagens (Atom)