27 setembro 2010

" O que é a moto do Paulão?"

Neste último fim de semana, estava numa festa com amigos quando surgiu a seguinte pergunta “O que é a moto do Paulão?”.
Parece ser simples e de resposta imediata. Afinal de contas e no final das contas, não deixa de ser uma motocicleta. O problema é como, porque e por quem a pregunta foi formulada. E aí começa a trincar a coisa. Principalmente por que queriam que eu respondesse de pronto. Impossível, este é um assunto complexo, pelo menos a meu ver.
Rapaz, certos objetos supostamente inanimados, são ícones. Vide o meu querido martelo.
Neste caso, o da moto do Paulão, diria que temos que subdividir a resposta em partes.
1 ) Qual a marca da coisa?
“LOUREIRO DAVIDSON”
1A ) Por que?
Essa é simples. A Harley Davidson jamais será capaz de inventar, ou mesmo montar um modelo como esse. A coisa tem partes de quase todos os modelos desde a década de 70. Até os dias de hoje. Só o Paulão ( Loureiro ) tem essa capacidade.
2 ) Qual o modelo da moto?
( sem resposta )
3 ) Qual o ano?
Esta moto em particular começou a ser montada em 1903 por dois loucos que só entendiam de bicicleta. Não pode ser simples explicar um troço desses.
4 ) O que tem dentro do motor?
Começou a ficar punk. Não gosto muito de falar sobre as minhas virtudes como mecânico. Mas vou abrir exceção neste caso.
A biela é uma genuína “SBLEU” com meletróide acoplado. Comando “CATREFA 278”. Pistões “ÇÇ” de alta e baixa. Carburador “NÃO SEI” inglês. Ignição “CRYING DUCK” sequencial polarizada. E os cabeçotes são modelo primavera verão com corte em “V”.
Potência estimada em cento e poucos “ai jesusss” no final da reta.
Resumindo a moto é ESPETACULARRRR.
Evidentemente essas características acima não são o que melhor descreve a moto do Paulão. Por que não é com ferro nem com solda que se forja um a moto dessas. São necessários itens que não estão à venda. E o pior de tudo é que este tipo de moto tá acabando.
Meu amigo, se e quando alguém perguntar “O que é a moto do Paulão?”, tenha certeza de uma coisa: Este questionador do além está muito longe de entender o que estou falando.

22 setembro 2010

Continuando com o martelo

Antes de tudo ou será antes do nada? Vá lá.
Tenho que me corrigir, pois hoje durante o dia digitei errado um endereço e me deparei com um anúncio de uma palestra grátis. E o tópico era um curso para o “Martelinho de Ouro”.
Ou seja, tem curso para usuário de martelos sim. Eu só não sabia.
Mas este curso, inesperado que seja, não me tira a vontade de escrever sobre esta ferramenta maravilhosa. E eu falei que escreveria primeiro sobre a ferramenta e depois as consequências.
Pensei nisso o dia inteiro. E conclui que é uma tarefa meio difícil, mas vamos lá.
Pois é, tem gente que guarda aquela chuca de infância ou aquele carrinho todo destruído. Eu guardei o meu primeiro martelo. Que era chamado carinhosamente de “fataenfasuja”. E parece que a receita para se fazer fataenfasujas era:
Misture um ônibus com chiclete e mais outro ingrediente misterioso (ninguém nunca soube e eu esqueci) e pronto.
Meu amigo, as lembranças que este objeto me traz, são no mínimo, espetaculares.
Por exemplo, foi com ele que descobri o que tinha dentro do rádio do meu tio. É bem verdade que foi um pouco doloroso e também misterioso por muito tempo. O troço nunca mais falou!
Foi por causa dele que comecei a montar minha primeira caixa de ferramentas. Minha mãe disse que eu tinha três anos. E que sumiram todas as chaves da casa. Ferramentas de abrir. Bem, não é esta a história do martelo. Não a oficial. Que na verdade eu nem sei direito. Na realidade foi uma maneira de me apresentar um pouco. E dizer que tenho autoridade para falar desse assunto.
Hoje em dia (a quase tez anos) trabalho como mecânico, e posso dizer estou começando a fazer bom uso de martelos. Ou seja, estou quase virando mecânico. E posso explicar.
O martelo é tão básico que chega a ser deposto de sua importância dentro da oficina.
O fato é que saber manusear esta ferramenta é como se lembrar do porque você entrou para medicina. Pois é a gente esquece. Damos valor para o “scaner”, para o multíetro, o tal do dinamômetro e muitos outros. E esquecemos como é muito mais sólido quando percebemos como um determinado material, a ser empregado no motor, reage com o resto. Com possíveis impactos; marteladas.
E só agora começo a resgatar esta essência da minha profissão. E mais, é por causa do martelo e com o martelo que hoje em dia mato a minha curiosidade de ver o que tem dentro dos motores dos outros.
Boa noite.

21 setembro 2010

Por que martelo?

NA verdade eu sempre tive admiração e respeito por martelos. Não só pela ferramenta em si, mas pele influência que o martelo exerce em tudo.
Só que primeiro quero falar sobre a ferramenta.
Por exemplo, como são pretenciosos os fabricantes de "MULTI TOOLS". Pois como são inútis os martelos dos canivetes. Simplesmente só servem para estragar os canivetes, que ficam grandes, desengonsados e nada práticos.
Esta é uma ferramenta única. Não pode ser copiada, adaptada, digitalizada e ainda por cima não vale a pena ser globalizada. E apesar da aparência simples, é extremamente complexa.
Raros são os mecânicos,por exemplo, que sabem fazer bom uso do martelo. Outro exemplo, os funileiros estão em extinção.
Não tem escola de "marteleiro", de "martelador" ou melhor, de usuário de martelos. Não no Brasil.
Em alguns paises, ricos digasse de passagem, existem escolas onde se aprende a arte de restaurar, modificar e adaptar coisas, carros, motos ..... E uma das diciplinas mais difíceis é aquela que ensina a dar marteladas. Só tem uma coisa, é caro paca o tal do curso.
E eu imagino por que. Ensinar estes gringos desageitados e normatizados a dar uma porradinha de revesgueio de ser de dar nos nervos.
Bom, voltando ao aço frio. É fato e curriqueiro que o martelo é a mãe das ferramentas. 2001 uma odisseia bla bla bla ... Mas na verdade as pessoas não lembram que ele é o pai das profissões também.
Nos primódios, logo depois do macaco jogar o osso pra cima, todo mundo sabia martelar. Nem que fosse a cabeça dos outros.
Então o tempo foi passando e logo apareceu um pária desajeitado, que não servia nem para martelar, e inventou que era pagé, guru, semi deus ou seja, CHEFE. Só que o chefe teve que defender o posto. O que aconteceu? Teve que dar uma martelada na fussa de alguem. Tai o martelo moldando a coisa. Qual é mesmo a ferramenta que juiz usa nos tribunais?
Pois é, eu disse que ia falar da ferramenta e não do significado. Tá difícil, mas amanhã eu tento de novo.